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Foto do escritorLetícia Méo

ESG: primeiro, ame sua própria casa. Depois, apareça para o mercado.

Não adianta nada você reunir todos os líderes de sua empresa para falar: "nossa meta de 2021 é ser visto no mercado como ESG".


"Ser visto no mercado como ESG".


Isso existe? Não, não existe....


O que existem são empresas que, antes de pensar em sua imagem externa, olharam para dentro da própria casa, a fim de verificar se, de fato, já haviam implementado a sustentabilidade como VALOR; se o ESG já atingia a cadeia de produção e de fornecimento, se alcançava todos os seus stakeholders.


Quer um exemplo prático?


A Florida Ice Farm & CO - FIFCO é uma companhia de bebidas e alimentos, fundada em 1908, na Costa Rica. Surgiu e cresceu como uma produtora de bebidas (principalmente, cerveja) e, com o passar dos anos, ingressou nos mercados imobiliário e alimentício.


Em 2008, a empresa colocou como meta implementar o triple bottom line, melhorando as dimensões sociais e ambientais. À época, a dimensão econômica já estava muito bem implementada e crescia cerca de 10 a 11% ao ano.


Uma das primeiras ações foi enviar um questionário - diagnóstico para os stakeholders, indagando quais eram os maiores impactos negativos causados pela FIFCO.


Foram entrevistadas diversas pessoas, tais como integrantes de ONGs, consumidores, agências reguladoras, acionistas e empregados.


Um dos maiores problemas identificado? O estímulo ao consumo excessivo de álcool.


Ora, como uma indústria produtora de cerveja poderia lidar com o incentivo ao consumo de álcool? Se os gestores pensassem, exclusivamente, no crescimento econômico, a resposta seria: quanto mais estimularmos o consumo, venderemos mais e faturaremos mais!


Mas, esse não era o VALOR que a empresa havia internalizado.


Assim, após um grande desafio, envolvendo os líderes das principais áreas da FIFCO, a empresa se associou a uma ONG canadense que atuava há mais de 25 anos no combate ao alcoolismo. Havia pesquisas que mostravam que o problema do consumo excessivo de álcool estava, principalmente, na ingestão de doses exageradas por dia.


Seguindo as orientações da ONG, a FIFCO identificou que, na Costa Rica, os consumidores bebiam cerca de 1,75 vezes por semana (o equivalente a um final de semana) e, toda vez que bebiam, consumiam uma média de cinco drinques (ou seja, ficavam embriagadas).


No Canadá, ao contrário, as pessoas bebiam cerca de quatro vezes por semana, aproximadamente 2,25 drinques a cada dia. As pesquisas indicavam que os canadenses não ficavam com níveis alcoólicos tão elevados e tóxicos no sangue.


Consequência? A empresa modificou todo o padrão de marketing, incentivando o consumo alcoólico com responsabilidade e recomendando que a cerveja fosse ingerida em doses pequenas, ao longo dos dias.


Esse é apenas um pequeno exemplo, pois a empresa também é reconhecida pelas metas de carbono e água positivos, valorização de funcionários que vivem de forma miserável, produz alimentos para crianças subnutridas, etc.


Se a FIFCO cresceu com práticas de sustentabilidade? Hoje, ela possui mais de 5.000 funcionários, um portfólio de mais de 1.500 produtos, é um grupo que participa do setor hoteleiro e que adquiriu empresas americanas de alimentos e bebidas.


Entendem como o comprometimento (verdadeiro!) com o ESG é capaz de criar oportunidades ótimas em termos de crescimento econômico e responsabilidade socioambiental?


O trabalho transparente e honesto começa de dentro para fora... (parece uma frase de autoajuda? Sim! E ela também se aplica ao mundo empresarial).


Você se volta para o seu próprio interior, para identificar (com humildade e aceitação!) quais são as suas qualidades, quais são os defeitos, o que fazer para melhorar, como fazer, se precisa de ajuda de outras pessoas para evoluir, quais inconvenientes consegue superar sozinho, etc.


Você olha para dentro para ser digno com você e com os outros.


Depois dessa internalização é que passa a divulgar as práticas de sustentabilidade....


Ah, a FIFCO seguiu as orientações do Capitalismo Consciente. Quer saber mais? Conte comigo!


FONTE DA HISTÓRIA DA FIFCO:


Raj Sisodia. Timothy Henry e Thomas Eckshmidt. Capitalismo Consciente: guia prático. Ferramentas para transformar sua organização.

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