O movimento do desenvolvimento regenerativo surgiu em 1995, mas foi amplamente divulgado em 2016 pelo Regenesis Group.
- > Desenvolvimento sustentável: equilíbrio entre crescimento econômico e preservação ambiental, buscando técnicas e processos que geram cada vez menos impactos negativos ao meio ambiente.
- > Desenvolvimento regenerativo: causar o menor impacto negativo é ótimo, mas não é suficiente. O ser humano deve entender que faz parte de um todo muito maior e que tem capacidade para usar técnicas e processos que regeneram a natureza e a vida das pessoas que vivem em determinada localidade.
Não significa simplesmente olhar para os stakeholders envolvidos na atividade. Mas sim, educá-los, trazê-los para dentro do jogo, fazê-los entender que são parte deste sistema vivo e que podem e devem contribuir para a sua regeneração. O ser humano consegue usar de sua racionalidade para observar e entender como a própria natureza se regenera. Ao entender que ele faz parte deste mecanismo da vida natural, usa a sua criatividade para se regenerar e ajudar o meio ambiente a se regenerar.
De acordo com o movimento, são 3 caminhos para alcançar o desenvolvimento regenerativo:
1. Desenvolver a si mesmo: ter consciência sobre quem eu sou e que faço parte desse todo maior; que sou responsável e capaz de fazer parte da mudança e que sou atingido pelos processos naturais de regeneração (e perdas).
2. Desenvolvimento da equipe/comunidade: olha para a aptidão de cada um e convoca-os a, juntos, trabalharem pela regeneração daquela localidade.
3. Aprimorar o local / o sistema natural: efetiva práticas que colaborem para a regeneração da vida natural, individual e coletiva. Estuda-se o local, qual a sua história social e ecológica, para encontrar ferramentas atuais de preservação desta essência natural, que mostrem para todos os interessados qual o objetivo comum entre todos que pode e deve ser retomado para trazer melhorias / regeneração.
Um dos exemplos de aplicação prática do desenvolvimento regenerativo foi a atuação de uma grande companhia de energia chilena (COPEC SA), na revitalização de Vina del Mar. A história completa pode ser vista aqui, mas, em síntese:
A empresa queria agraciar a comunidade de Vina del Mar. A proposta era limpar e restaurar uma antiga fazenda de tanques de petróleo de 40 acres, para criar um novo campus de arranha-céus residenciais.
Dezoito grupos de interesse comunitários eram contrários ao projeto. Esses grupos se referiam a Las Salinas como "o inimigo".
A empresa apostava em ações para reduzir a influência desses grupos opositores junto aos órgãos públicos, para tentar implementar o seu projeto.
A Regenesis foi contratada para atuar com o desenvolvimento regenerativo. Eles mediaram o campo conflitivo:
Ouviram individualmente cada um dos grupos ativistas, falando que seu objetivo era buscar o impacto da iniciativa da empresa na saúde da cidade de Viña del Mar, que já estava sendo comprometida há anos.
Estudaram a história do local, verificando que a cidade era um importante destino turístico, com uma longa história de crescimento inteligente e sustentável. No entanto, o turismo cresceu muito rapidamente, prejudicando o dia a dia dos moradores. Além disso, estavam com os cofres defasados, em razão de um terremoto ocorrido em 2009, o que gerou o definhamento de parques, de programas culturais e artísticos, o fechamento da piscina municipal, a baixa oferta de empregos, de moradias acessíveis e de educação.
O enorme terreno de tanques de petróleo impedia o acesso à praia e um complexo de arranha-céus iria piorar todas as situações anteriores.
Com essa análise regenerativa, a Regenesis conseguiu um projeto que tornou a empresa benquista, os antigos grupos opositores tornaram-se colaboradores e conseguiu retomar a essência histórica da cidade. Basicamente, o empreendimento tem (i) espaço comercial acessível no térreo que poderia ser usado para varejo, restaurantes, estúdios e espaços de performance; (ii) arranha-céus individuais permeados por caminhos que davam acesso à praia; (iii) um mercado que proporcionaria um local de encontro e troca para a comunidade; (iv) um sistema de captação de água cinza e água da chuva para apoiar o paisagismo ecológico da cidade; (v) um centro de transporte coletivo que ligaria esse novo portfólio de recursos comunitários ao metrô e a um sistema de ônibus que estava em processo de renovação.
Interessante, não?
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