O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (Intergovernamental Panel on Climate Change - IPCC) é o órgão das Organizações Unidas que avalia, cientificamente, o estado atual das mudanças do clima e os seus impactos ambientais e sociais.
Periodicamente, o IPCC divulga relatórios com os resultados encontrados pelo Bureau of Scientists, diagnosticando os problemas atuais e fazendo projeções sobre a situação natural e humana nos próximos anos.
Nesse contexto, em 28.2.2022, o IPCC divulgou o Sexto Relatório de Mudanças Climáticas, apontando dados alarmantes a respeito dos impactos das mudanças climáticas para os ecossistemas, para a biodiversidade e para as comunidades humanas, em níveis globais e regionais. Esse estudo trouxe informações que mostram o quanto o consumo e a produção insustentáveis podem continuar mal conduzindo o nosso presente e o nosso futuro. Destacamos alguns pontos de alerta:
Os cientistas verificaram, com alto grau de confiança, que há mudanças climáticas e que essas alterações representam impactos sérios aos ecossistemas terrestres, oceânicos e de água doce, sobretudo em áreas de maior vulnerabilidade como a África e a América do Sul.
Os sistemas humanos também estão sofrendo grandes impactos adversos, tais como a falta de segurança hídrica, problemas com produção de alimentos, saúde e bem-estar, cidades, assentamentos e infraestrutura.
Constatou-se que as mudanças climáticas possuem relação com doenças infecciosas, redução da disponibilidade de produtos marinhos e de água doce para a pesca, danos causados por incêndios florestais e calor extremo, redução de produtividade do trabalho, explosões de geleiras, transbordamento de rios e inundações.
A vulnerabilidade futura dos ecossistemas às mudanças climáticas será fortemente influenciada pelo passado, pelo presente e pelo futuro da sociedade humana, inclusive em razão do consumo global insustentável, da produção e das pressões demográficas crescentes, bem como do persistente uso e gestão insustentáveis da terra, do oceano e da água doce.
As mudanças climáticas previstas pelos estudos, aliadas a fatores não climáticos (como o desmatamento), causarão perda e degradação de grande parte das florestas do mundo, dos recifes de coral, de zonas costeiras e de zonas úmidas.
Embora o desenvolvimento agrícola contribua para a segurança alimentar, a expansão agrícola desenfreada também aumenta a vulnerabilidade dos ecossistemas e leva à competição por terra e recursos hídricos, em prejuízo aos sistemas humanos.
Existem ações que ajudarão a melhorar esse quadro de mudanças climáticas negativas e, muitas delas, estão relacionadas ao ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis). Por exemplo, o relatório cita a aquicultura e a pesca sustentáveis, a agrofloresta, a gestão da biodiversidade e dos ecossistemas, o uso eficiente da água, a melhoria no cultivo da terra, os sistemas eficientes de gestão do gado, a implementação de infraestrutura mais sustentáveis nos espaços urbanos, o planejamento urbano da terra e da água e a adaptação e a melhoraria dos sistemas de saúde.
O relatório do IPCC nos mostra, mais uma vez, o quanto é necessário haver equilíbrio entre os aspectos econômicos, ambientais e sociais, inclusive para que as atividades humanas possam perdurar no tempo e possam continuar trazendo ao homem a disponibilidade de produtos e serviços que atendam as suas necessidades básicas e os seus interesses e desejos.
Vemos, nesse sentido, que a inclusão de iniciativas voltadas para a educação e a informação do consumidor para um consumo mais sustentável e consciente é urgente e deve ser feita de forma simultânea com todas as outras ações e melhorias ambientais e sociais.
Sem a participação do consumidor, o ciclo de vida mais sustentável do produto não fecha.
Há consumismo, há descarte inadequado de produtos e embalagens, há consumo de produtos maléficos à saúde e ao meio ambiente, há doenças, perda de moradia, fome. Não há mais dúvidas sobre isso e, portanto, devemos abrir os olhos para a importância do indivíduo - consumidor no combate às mudanças climáticas.
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